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domingo, 14 de maio de 2017

Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer, 
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados,
amar?
Que pode, pergunto, o ser
amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
(...)
Amar a nossa falta mesma de
amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo
tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade - Claro Enigma)